'Faroeste Caboclo': amor e sangue dançando conforme a música


Ísis Valverde e Fabrício Boliveira em 'Faroeste Caboclo'/ Divulgação
"Não tinha medo tal João de Santo Cristo, era o que todos diziam quando ele se perdeu…". Ao ouvir apenas o primeiro verso, é muito provável que você já se lembre de toda a trajetória do personagem na música Faroeste Caboclo, da Legião Urbana. Mas não se engane: o que se passa no filme não é apenas um clipe dessa música tão consagrada.
"Faroeste Caboclo", dirigido por René Sampaio, pode certamente ser considerado um motivo de orgulho para Renato Russo e sua família. Com atores em performances inspiradas e roteiro e condução da trama primorosos, a história deve agradar até quem não é fã da banda Brasiliense. Mesmo porque o filme não segue à risca tudo o que acontece na música.
Segundo o diretor, a intenção era fazer um recorte da história. E o recorte escolhido foi o romance de João de Santo Cristo e Maria Lúcia. Desta forma, o público toma conhecimento de muitos detalhes que não constam na música. Por exemplo: como o casal se conheceu, quem eram as outras pessoas que faziam parte da vida social de Maria Lúcia e de João, como a relação deles era aceita ou não por essas pessoas e todo o drama dos personagens. Nesse ponto entra uma questão relativamente negativa do filme: há cenas que poderiam ter sido cortadas sem que houvesse prejuízo para a história de João e Maria Lúcia.
O drama e a ação são os gêneros principais em que se enquadra "Faroeste". Há muitas cenas de perseguição, muitos tiros, assassinatos e até alguns momentos de tortura e espancamento. Apesar disso, não é um filme escatológico: as cenas mais pesadas são muito bem conduzidas, realistas na medida certa do bom senso. Mas o filme certamente não poupa o espectador: as drogas são praticamente coadjuvantes na trama, e as referências ao uso e abuso delas são extremamente explícitas.
A crítica social aparece não só na questão das drogas, mas também em vários outros fatores: preconceito social, econômico, abuso de autoridade e desigualdade são apenas alguns exemplos. Mesmo assim, "Faroeste" não se configura como um filme panfletário. A ficção faz com que o público consiga absorver esses problemas e refletir sobre a realidade da Brasília dos anos 1980, realidade essa que continua a mesma em muitas situações. A história de amor mais "romântica", que não é tão marcante na música e foi adicionada ao filme, não o torna menos sério ou provocativo. Apenas acrescenta um pouco mais de poesia à bela obra de Renato Russo.
Diretor: René Sampaio
Elenco: Fabrício Boliveira, Ísis Valverde, Felipe Abib, Antonio Calloni, César Trancoso, Marcos Paulo, Flávio Bauraqui, Lica Oliveira , Cinara Leal, Juliana Lohmann , Rodrigo Pandolfo, Leonardo Rosa, Tulio Starling, Romulo Augusto, Andrade Junior, Caco Monteiro.
Produção: Barbara Isabella Rocha.
Roteiro: Marcos Bernstein, Victor Atherino.

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